É incrível imaginarmos que trabalhamos o ano todo visando uma vida mais simples. Nada de ternos ou vestidos longos. Salto alto ou gravatas. Na verdade, o que buscamos é estar de chinelo- de- dedo, calção de banho, bermuda ou biquini. Um milho verde, um picolé e uma água de coco já nos satisfazem. Buscamos a beira do mar e um lugar ao sol...
Ninguém duvida que a praia é o local mais democrático que existe. Gordos e esbeltos. Crianças e idosos. Brancos e bronzeados. Todos estamos lado a lado, disputando um lugar na areia, com nossas famílias por perto e um “chopinho” gelado ou “refri” na mão. Somos todos anônimos, pois ninguém nos conhece, mas naquelas horas de verão, a residência de todos, durante o dia, é a mesma; ou seja, a praia.
Na praia tudo parece possível. Os mais gordos prometem que, no próximo verão, ficarão mais magros. Os fofinhos, infelizmente, eles não resistem às tentações do verão e as do inverno também. Já aqueles que são mais brancos juram que ficarão mais bronzeados, entretanto, com medo de câncer de pele, abusam dos bloqueadores solares de proteção 30 ou mais... Conclusão, os brancos ficam cada vez mais brancos ou vermelhos e os bronzeados mais bronzeados. Bem, quanto às crianças, talvez no próximo ano, sob a promessa de um presente, elas garantem que não vão querer entrar mais fundo no mar e que não pedirão o tempo todo picolés ou refrigerantes. Promessas de verão... mas, a gente finge que acredita, afinal, é início do ano...
Quanto ao mar, ele nos inspira a pensamentos de grandeza. Afinal, com tanta força e imensidão e tão próximo de nós, ele nos convida a olharmos até a linha do horizonte e lá depositar os nossos sonhos. Os surfistas nos incitam a idéias de valentia e equilíbrio sob as ondas do mar e os pescadores, com seus anzóis e redes de pesca, nos ensinam a paciência e a paz de espírito.
As lições da praia são muitas. Claro que podemos ficar de olhos fechados torrando ao sol ou lendo um bom livro, embaixo do guarda-sol, alheios à brisa do mar e as lições das férias, mas o ideal é que colhamos o aprendizado da vida e que percebamos a beleza da natureza que nos envolve na praia.
A verdade é que somos todos iguais. A praia equaliza as pessoas e nos torna mais próximos uns dos outros, ainda que não nos conheçamos. Afinal, no mar, ninguém pode desfilar com o carro novo, um vestido fino ou ostentar algum sinal de grandeza, pois estamos todos semi-nus, ao sol ou no mar e com milhos ou petiscos nas mãos.
É claro que os óculos escuros, maiôs ou biquinis podem ser de grifes e a cadeira da praia pode ser melhor que a dos outros, mas diante da imensidão do mar, da areia e do sol, todos nos tornamos iguais em nossas diferenças, assim como Deus nos fez. E não esqueçam que “havaianas”, até os atores do Globo juram que usam, assim como nós...
Bendita seja a praia e as férias. Salve os homens que vivem à beira-mar, cantando, dançando, pescando durante todos os dias do ano, em lugares paradisíacos que nós, os mais exigentes, temos acesso somente uma vez por ano.
